O majestoso navio rangia e gemia; as velas estavam abauladas,
enfunadas pelo vento. Há dias longe da terra, ele repartia o oceano em direção
à grande cidade do oeste, levando uma carga preciosa: um homem — um homem que a
tripulação conhecia apenas como o Mestre.
Estava entre eles agora, sozinho no convés do castelo de
proa, onde baixara o capuz do manto para deixar que a água do mar batesse no
corpo, sentindo-a com o rosto contra o vento. Ele fazia isso uma vez por dia.
Saía de sua cabine e subia para caminhar pelo convés, escolhia um local para
contemplar o mar, então voltava para baixo. Às vezes ficava no convés do
castelo de proa, às vezes no convés do tombadilho. Sempre encarava o mar
cristado de branco.
Todos os dias a tripulação o observava. Eles trabalhavam,
chamando uns aos outros no convés e no cordame, cada qual com um serviço a
fazer enquanto a todo momento furtavam olhares à figura solitária e pensativa.
E eles se perguntavam “Que tipo de homem era ele?”, “Que tipo de homem estava
em meio a eles?”.
Agora o estudavam discretamente, enquanto o homem se
afastava da balaustrada do convés e colocava o capuz. Ele permaneceu ali por um
momento com a cabeça baixa, os braços soltos próximos ao corpo, enquanto a tripulação
o observava. Alguns talvez até mesmo tenham empalidecido quando ele caminhou ao
longo do convés, passou por eles e voltou para sua cabine. E
quando
a porta se fechou às suas costas, cada um dos homens descobriu que estivera
prendendo a respiração.
Lá dentro, o Assassino voltou à sua escrivaninha e
sentou-se, enchendo uma taça de vinho antes de pegar um
livro e puxá-lo em sua direção. Então o abriu. E começou a ler.
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