segunda-feira, 7 de abril de 2014

Prólogo - AC Cruzada Secreta

O majestoso navio rangia e gemia; as velas estavam abauladas, enfunadas pelo vento. Há dias longe da terra, ele repartia o oceano em direção à grande cidade do oeste, levando uma carga preciosa: um homem — um homem que a tripulação conhecia apenas como o Mestre.
Estava entre eles agora, sozinho no convés do castelo de proa, onde baixara o capuz do manto para deixar que a água do mar batesse no corpo, sentindo-a com o rosto contra o vento. Ele fazia isso uma vez por dia. Saía de sua cabine e subia para caminhar pelo convés, escolhia um local para contemplar o mar, então voltava para baixo. Às vezes ficava no convés do castelo de proa, às vezes no convés do tombadilho. Sempre encarava o mar cristado de branco.
Todos os dias a tripulação o observava. Eles trabalhavam, chamando uns aos outros no convés e no cordame, cada qual com um serviço a fazer enquanto a todo momento furtavam olhares à figura solitária e pensativa. E eles se perguntavam “Que tipo de homem era ele?”, “Que tipo de homem estava em meio a eles?”.
Agora o estudavam discretamente, enquanto o homem se afastava da balaustrada do convés e colocava o capuz. Ele permaneceu ali por um momento com a cabeça baixa, os braços soltos próximos ao corpo, enquanto a tripulação o observava. Alguns talvez até mesmo tenham empalidecido quando ele caminhou ao longo do convés, passou por eles e voltou para sua cabine. E
quando a porta se fechou às suas costas, cada um dos homens descobriu que estivera prendendo a respiração.
Lá dentro, o Assassino voltou à sua escrivaninha e sentou-se, enchendo uma taça de vinho antes de pegar um livro e puxá-lo em sua direção. Então o abriu. E começou a ler.

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